Eu adoro namorar a lua…
Fico encantada a noite inteira
Tal qual uma namoradeira
No parapeito da janela de uma casa de rua
Eu vivo no mundo da lua
Minha cabeça flutua
Mas não é que eu seja desatenta…
É que meu mundo interno me tenta!
Luz noturna do infinito
Grande mãe que tudo cria, brilha e fecunda
Força misteriosa e profunda
Ela mexe com a raiz de meus afetos, eu admito!
Meu mundo interno também brilha no escuro!
É um mundo profundo de sonhos e muitas invenções
Guiado pelas delícias, assombros e mistérios das emoções
É com a fertilidade da minha imaginação que eu me curo!
Adendo – sobre mim e a Lua
“Viver no mundo da lua” sempre foi algo que me caracterizou.
Era frequente ouvir isso das pessoas, mas eu sabia que de certa forma isso era verdadeiro. Pode até ser que muitos identifiquem isso como algo negativo ou pejorativo, mas viver no mundo da lua não é só ruim. Como tudo na vida, tem seu lado negativo, mas também o positivo! Nada é só bom ou só mau… Na verdade não precisa ser bom nem mau, a gente que tem essa mania de ficar categorizando as coisas e forçando tudo em caixinhas e rótulos…
A pessoa que vive no mundo da lua pode parecer ter relações e vínculos um tanto quanto empobrecidos ou dispersos, mas não é bem assim… A pessoa que vive no mundo da lua tem relações riquíssimas com o seu próprio mundo interno, é uma pessoa que vivencia o mundo sempre através de seu interior, é uma pessoa que tem profundos diálogos internos e, geralmente, lida bastante com seus sentimentos. Por tudo isso, ela costuma experimentar bastante suas relações internas, consigo mesma. Talvez ela disperse mais rapidamente no mundo externo justamente porque seu mundo interno é tão rico e criativo que passa a ser, muitas vezes, mais atrativo e sedutor. São apenas características! Certamente, no entanto, não são as características mais exigidas e cobradas socialmente. Pelo contrário, as características frequentemente estimuladas são todas aquelas que envolvem pronta responsividade ao mundo externo e, por isso, muitas vezes, o dito “no mundo da lua” acaba se sentindo um tanto desencaixado, desajustado e inadequado. Mas será que é mesmo o mundo externo o que mais importa??? Ele sempre foi sem dúvida o mais valorizado pela sociedade (ocidental, pelo menos), mas isso não significa que seja o mais importante. Ambos são extremamente importantes para uma vivencia integral de si neste mundo.
Bom, eu sei que preciso melhorar minha relação com a realidade prática das coisas e tudo aquilo que quem vive no mundo da lua não quer lidar muito (rsrsrs), mas não nego e nem quero eliminar esse mundo rico que floresce dentro de mim. Antes isso do que um deserto árido e frio. Acredito que tudo pode ser equilibrado e, por isso, estou me aventurando nesse exercício de semear, regar e florescer o mundo fora de mim também.
Só para concluir e ilustrar, lembro que a minha música de formatura na faculdade foi “Nosso Lindo Balão Azul” (interpretada pela Turma do Balão Mágico) pelo tanto que ela fala de mim. A letra me descreve:
“Eu vivo sempre no mundo da lua.
Porque sou um cientista
O meu papo é futurista
É lunático
Eu vivo sempre no mundo da lua
Tenho alma de artista
Sou um gênio sonhador
E romântico
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou aventureiro
Desde o meu primeiro passo
Pro infinito
Eu vivo sempre no mundo da lua
Porque sou inteligente
Se você quer vir com a gente
Venha que será um barato
Pega carona nessa calda de cometa
Ver a Via-Láctea, estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde numa nebulosa
Voltar para casa nosso lindo Balão azul”
Sobre a arte:
Realizada em 13/07/2020
Material utilizado: aquarela
Deixe seu comentário