Postado por

12
fev
2020

Não. 

O artista de rua não conta com um palco decorado e efeitos especiais

Ele não conta com equipamentos de refinamento de som

Ele não conta com jogos incríveis de iluminação 

Ele não conta com equipes e jogos de marketing 

Ele não conta com espaço e conforto

E muito menos com um público próprio 

 

Sim.

O artista de rua conta com seu próprio talento 

Um tanto de dedicação e uma fé inabalável

Seu público muda dia a dia 

A conquista é diária 

Ele nunca sabe o que lhe espera

Às vezes, indiferença

Às vezes, críticas e caras feias

Mas também recebe admiração 

E, por “sorte”, muitos aplausos

Em seus shows ele não tem unanimidade

 

Seu palco é a vida nua e crua

É a praça, o metrô ou a calçada da rua

Sob o sol quente, o calor ou a chuva

Ou sob normas que impedem a expressão no vagão

Seu público não está lá para assisti-lo

O que predomina é a distração, pressa ou preocupação 

E não a expectativa de quem vai ao show do artista consagrado

Mas sua arte vai muito além

É a arte de surpreender e transformar

De despertar emoção onde menos se espera

 

Ao artista de rua dedico

Todo respeito e admiração 

Sua expressão é por puro amor

Isso não tem como negar

Sua arte é de imenso valor

É o que faz o coração transbordar

Trazendo magia na rotina repetida

 

O poder do artista de rua

O que mais admiro no artista de rua, dentre tantas outras coisas, é a sua capacidade de se colocar independentemente de opinião alheia. Enquanto muitos de nós facilmente deixa de fazer ou falar qualquer coisa que seja pelo medo do julgamento alheio, eles vão lá e se colocam por inteiro diante de pessoas desconhecidas, defendem seu trabalho e se expõem, se colocam em posição completamente vulnerável. Mas eles não ligam. Eles sabem do seu valor e do valor de sua arte e seu trabalho e não se ofendem ou pelo menos não se deixam vencer por caras amarradas de quem não está nem aí para eles. E está tudo bem.

Eu fico sempre admirando e pensando na coragem que eles têm. E, ao mesmo tempo, fico triste de ver o quanto a maioria de nós se priva de ser  quem é e de fazer o que gosta só para não ser reprovado ou, pior, faz o que não gosta para obter aprovação. Para ser quem é, verdadeiramente e livremente, é preciso coragem… A que ponto chegamos? Isso deveria ser básico e natural para qualquer um. A impressão que tenho é que o artista de rua se apresenta para o público, mas ele não depende do público. Mesmo que ninguém pare para lhe dar atenção, ele vai seguir em frente.

E, além de todos esses aspectos psicológicos, existe um ponto positivo muito óbvio: eles enchem os espaços públicos de alegria e sensibilidade! Como é gostoso ter um momento de lucidez no meio daquele movimento caótico de uma cidade grande onde quase todos têm pressa de chegar a algum lugar.

Esse grande artista do vídeo tive o prazer de conhecer pessoalmente e é uma pessoa maravilhosa, um cara super divertido e do bem, além de artista muito talentoso. Ele toca um instrumento chamado hand pan, que emite sons capazes de inserir qualquer um em uma onda de muita paz e amor. Eu mesma já presenciei algumas cenas de crianças agitadas e chorosas se acalmando quando ele entrava no vagão do metrô e tocava. É um momento que experimentamos o infinito nessa loucura toda do tempo curto que vivemos.

Essa categoria tem todo o meu respeito, carinho e admiração. Se não for pela arte, com certeza será pela coragem!

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