Postado por

31
jul
2020

Eu tenho uma amiga que cresceu comigo. Juntas compartilhamos um bocado de momentos inesquecíveis… Até no aniversário somos parceiras, pois eu abro o mês de julho e ela fecha. Nós sempre fomos fechamento total. É uma irmãzinha escolhida. Que sorte a minha ter uma amiga de infância!

Apesar de pequenina (como eu), ela sempre foi pura presença. Um furacão! Sempre brilhou onde quer que passasse. Nem sempre compreendida, mas com ela não tinha essa de meio termo, de mais ou menos, de meio-amor. Era tanta intensidade que ou você amava ou você odiava. Eu amei desde o começo.

Ela sempre foi a autêntica leonina, com uma única exceção: ela não tinha ideia do tamanho do seu brilho. Talvez fosse generosidade para não ofuscar o brilho de ninguém. Mas, mesmo sem querer, ela acabava ofuscando. Era inevitável. Isso era ela. Era dela.

Eu era quieta, tímida e pra dentro, ela era tagarela, extravagante, excêntrica e pra fora. Ela era brilhante em matemática, eu era péssima. Eu chegava a pedir para ela conferir os meus trocos (tsc tsc…). Em compensação, eu era boa em artes e ela um fiasco. Eu adorava as guloseimas chiques da casa dela e ela adorava os bolos e pavês caseiros que minha mãe fazia. Nós éramos unha e carne. Uma complementava a outra. E a gente sempre se exaltava e dava força uma para a outra.

Ela era tão louca que voltou da primeira feira hype que fomos toda prateada de tanto brilho de maquiagem que colocou no rosto para experimentar. Lembro que seu pai, quando nos buscou, disse assustado: “Patrícia, minha filha, mas o que é isso?!”. Comigo ela tinha um pouco mais de juízo e com ela eu tinha um pouco mais de atrevimento.

A gente não era fácil… enquanto ela simplesmente fazia as loucuras que dava na telha e a qualquer hora ou lugar, eu ficava arquitetando planos estratégicos e rebuscados de loucura. E ela sempre comprava minhas ideias. Lealdade era a palavra de ordem. A gente se ajudava e fazia tudo em parceria. Até pó de mico para nos defendermos dos amigos implicantes da irmã dela fizemos.

Já ficamos horas ao telefone, já trocamos diversas cartinhas, já choramos pelo mesmo menino, já catamos jornais diferentes descartados no lixo de nossos prédios em busca de fotos de nosso ídolo, já foram muitas tietagens, muitas confidências, muitas gargalhadas e muita cumplicidade. A gente chegada a ser meio dependente uma da outra, tanto que não conseguíamos imaginar ficar em turmas diferentes e convencíamos nossas mães a pedirem, pessoalmente, ao coordenador que ficássemos na mesma turma.

Ela sempre foi uma das melhores da turma, e não era por dedicação. Era inteligência mesmo. Ela sempre quis ser astronauta, sempre amou saber sobre os astros e as estrelas, enquanto eu já vivia onde ela sonhava em ir, no mundo da Lua… Ela sempre foi uma gênia! E não é à toa que ela me enche de orgulho. Hoje ela é uma cientista. Isso é muito a cara dela…

Ela foi a primeira pessoa na vida a estimular minha criatividade e habilidades artísticas. Eu fazia adesivos por puro prazer e ela dizia que eu ia ficar rica se eu os vendesse – rs. Então, nada mais justo do que homenageá-la com uma das habilidades que ela sempre elogiava em mim. Mas, nessa homenagem, eu decidi vesti-la de seu sonho de menina, porque foi uma época tão feliz de nossas vidas e nossa amizade… Tenho certeza que foi tudo muito mais divertido porque eu tive uma amiga grude de infância. Por isso, repito: que sorte a minha ter uma amiga de infância!

Que infância/adolescência rica ao seu lado, minha amiga astronauta cientista!

Feliz Aniversário!!!

Minha amiga astronauta

Sobre a arte:

Realizada em aquarela e canetinha

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